Eis aqui a casa onde vivi minha infancia, adolescencia e parte, inicial de minha fase adulta. Vou descrever, os pormenores que aparecem para que o visitante possa entender: Frente a casa se vê crianças jogando bola, é que na época, as ruas não eram pavimentadas e apenas uma calçada de 1,80 mts, existia situada bem no meio da Avenida, onde tambem estavam fincados os postes de iluminação pública. As casas então faziam trapiches de tábuas para liga-las a calçada central e no caso de nossa casa, meu pai mandou construir em alvenaria. Nestes intervalos , os espaços se tornavam campinhos de peladas, usados pelos meninos que moravam próximo, aqui vemos um jogo tambem disputado por um cachorro que nós tinhamos e que sempre estava correndo atrás da bola. A casa, totalmente construida em madeira, tinha as paredes de Cedro Rosa, o assoalho de Pau'darco, as vigas e esteios de Tarumam, as telhas oriundas de Portugal ainda do tempo da borracha, quando se importava tudo da europa, tinha uma parte, estas laterais que as telhas tinham vindo de Marselha na França, e assim com esta mistura internacional, nossa casa, velha casa, era aconchegante e pelo menos para mim:LINDA! Era ampla e isto lhe permitia ser sempre fresca, sem muito calor. Bem na frente meu pai construiu este apêndice que carinhosamente a família chamava:PUXADINHA, local preferido depois das cinco quando a turma toda chegava do trabalho. Neste local tambem eu tocava violão para meu Pai, músicas de Nelson Gonsalves e de altemar dutra que el gostava além de boleros como: Besame Mucho a sua preferida. Tinham quatro cadeiras de balanço, construidas de vime, sempre tinha alguém que chegava para um dedo de prosa. Logo seguindo uma sala de visitas, uma sala de jantar e nesta, as portas para os dois quartos que estavam situados aos lados. O quarto da direita, era o quarto do casal, o da esquerda era usado por minhas irmãs, Eny e Arcy, na continuação da casa, para a direita estava instalado o banheiro , única parte de cimento, e do lado oposto um lugar para ter os filtros de água..Na sala de jantar ficava uma geladeira movida a querosene, era uma luta constante para acertar a altura da chama que teria que ter o fogo azul para então pelo menos esfriar bem a água. Mamãe era uma exímia cozinheira e fazia Bolos como ninguem, em nossa sala de jantar tambem tinha uma "Cristaleira " estilo barroco muito bonita com os vidros trabalhados, e dentro dela sempre existiam bolos, doces e queijos que minha Mãe também fazia em casa. Depois deste pequeno corredor que servia de divisão entre o banheiro e os filtros de água,Aparecia a cozinha bem ampla e dispondo de dois fogões a lenha, um deles destes industriais Ingles , esmaltado e com reservatorio de água par ter água quente permanente, com controle no tamanho das bocas pois tinha aros sobrepostos, que cresciam ou diminuiam a chama. Era um local onde sempre estavam algumas comadres de mamãe, que vinham dos seringais e logo pela manhã cedo chegavam com uma porção de filhos e sentavam no chão e lá passavam o dia comendo e conversando. Geralmente traziam presentes do seringal, tais como Galinhas Caipira, Mel de Abelha, folhas medicinais, cascas de árvores tambem medicinais, pequenos animais como: Macacos, Quatis, as vezes animais de grande porte mas ainda novos, eu lembro que ela ganhou duas Antas e tres Veados Capoeira, era uma festa nossa cozinha. Não lembro de ter um dia que não tivesse alguém de visita. Minha mãe tinha dezenas de afilhados. Reconhecia a todos, e memorizava de onde eram, eu me impressionava. Foi ai que vivi parte boa de minha vida quando eu realmente era feliz, e nem sabia.
Um grande pintor, não ficou conhecido no Mundo, porém merecia ser. Att, Ramon Sampaio, um eirunepense de passagem.
ResponderExcluirNossa deu pra imaginar a paz!!! Gosto muito dessas lembranças de infância, coisas simples que hoje não existem mais, tudo vitimado pelo corre correr competitivo da vida. Parabéns!
ResponderExcluirO Sr lembra da Dona Maria Vicencia Moreira. Esposa de Thomas Fernandes Moreira.
ResponderExcluirQuando menina visitei essa casa meu pai chamava-se José Amâncio seringueiro no rio eru
ResponderExcluirAinda tenho um irmão por nome Raimundo Amâncio que mora em Eirunepé
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