sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Casal de VEADOS CAPOEIRA

Olhando bem logo você verá a fêmea que está no plano superior da terra. Apesar de grandes, eles são  animais que se camuflam muito bem e tenha na certeza de que sempre que você olhar para um deles na mata, ele já estará olhando para você.  Temos dois tipos aqui na Amazônia, este que chamamos capoeira é o grande, e um menor que chamam Veado Roxo, mas  na verdade sua  cor é um cinza claro, é que os  seringueiros não costumam primar por definições de cores e quase tudo qua vai do marrom ao cinza e ainda ao próprio lilás, eles rotulam como roxo.  Um belo espetáculo da natureza estes animais fazem ao se aproximar dos Barreiros, locais em que a terra deve ter sais minerais e outros componentes que os  atraem, para comer  o barro. As temiveis Onças Pintadas, sabendo da frequencia de animais nestes locais, sempre ficam de tocaia esperando algum incauto que se descuide e ela então o mata, pulando em cima.  Antas, Porcos, Queixadas, não se precavêem muito, quando chegam vão logo  entrando, no grande  buraco que se forma cheio de  lama. Os veados não;  eles vem pé- ante- pé, mal dá para ver  qiue estão se mexendo. Suspendem uma pata e ficam estáticos só movendo as orelhas em todas  as direções, então, descem esta pata e a outra vai do mesmo jeito na mesma lentidão, é incrivel, já vi duas vezes. Eu  estava caçando no alto rio Eiru, em uma região que nem tem moradores pela dificuldade de retirar a  produção de borracha mesmo no inverno. Fiquei  tão embevecido  que nem atirei nem permiti que meus parceiros atirassem, Sua carne  é muito apreciada, por ser clara e de bom gosto.  Antigamente sua pele era vendida para cortumes, ha muitos anos foi proibido este negócio, o que ajudou a preservar a espécie.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

TRACAJÁ o mais perseguido

Habitualmente amazonenses, gostam de comer as Tartarugas de água doce, e a mais apreciada é esta que chamamos "O"Tracajá, mais que na verdade é A TRACAJÀ posto que é uma femea de um macho de porte bem menor, conhecido aqui como:Zé Prego.  Na verdade não sei como ainda existem Tracajás, na nossa região. A  perseguição é implacavel e não  se atém somente aos animais, eles retiram  tambem todos os ovos que encontram nas praias e barrancos onde  agora, na tentativa de  ludibriar os predadores as fêmeas colocam seus ovos.  Andando no Rio Juruá uma época desta[JULHO/AGOSTO/SETEMBRO] viajando a noite, você em cada praia que passa encontrará dezenas de pessoas com lanternas de pilhas ou mesmo lamparinas de Diesel, andando  de um lado  para  outro, desenterrando covas de  ovos  e capturando  as fêmeas que estejam colocando ovos.  Em Manaus  toda semana são  abatidas dezenas de Tartarugas, apesar da proibição  dos orgãos Governamentais.  A Tartaruga propriamente dita que chamamos aqui, tem o  tamanho muito maior que o Tracajá, e apesar de  ter mais condições no preparo de pratos, o  sabor do Tracajá é bem mais apreciado. Depois de consumida, seu casco serve para usar como vaso nas casas de farinha, e os índios os usam na época do frio, para colocar com brasas embaixo das redes; a uma altura de meio metro fica a rede.  Também alguns artistas da Capital usam suas carapaças para criarem máscara feitas em cima dos cascos, com detalhes de massa de Durepoxi, lembram as de algumas tribos africanas.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

As quinzenas

Este desenho, feito como todos os outros de memória, conta uma historia de anos de trabalho desenvolvidos no Rio Eiru. Era um barco assim mesmo, e assim também os obstáculos que tinhamos que transpor a cada minuto. O rio raso, estreito e muito sinuoso, cheio  de árvores que caem no periodo das enchentes a cada ano, quando as águas dos primeiros "ripiquetes" [Ripiquete é o resultado das  primeiras grandes chuvas que ocorrem no fim do mes de Outubro e o rio estando seco, as águas vem com muita força e vão destruindo o barranco, deixando a água turva de barro, e com espumas amarelecidas  flutuando.] as correntezas até que arrastam as árvores caídas, mas elas são grandes e vão se arrastando pelo leito do rio e logo encalham, e ficam dificultando o já difílcil caminho entre galhos.  Notem que em cima da tolda existe um volume e está saindo fumaça, era o nosso fogão, feito de uma lata de flandre de transportar gasolina, vinte litros. Colocavamos de lado a lata, em cima abriamos um buraco, na frente a metade da lata era cortada para permitir colocar lenha, e da metade  para  baixo,   colocavamos barro  para evitar que tombasse e não permitir que queimasse a tolda. Geralmente a nossa panela tombava, ou caia na água,  mesmo estando presa com arames, derramava a comida por causa das fortes pancadas nos troncos sub-mersos. Era muito apertado, e quando saiamos de Eirunepé trazendo muita  mercadoria para o alto seringal, nem tinha como dormir a bordo, paravamos em uma prainha e lá ao relento faziamos uma fogueira para espantar feras e o frio da  madrugada e passavampos a noite, deitados em cima de lona, conversando, cochilando e tentando dormir, o que faziamos por excesso de cansaço.Neste tempo não existia aqui na região os tão práticos Moto-Serra, era com um machado e uma pequena serra que muitas vezes eramos obrigados a cortar galhos e troncos embaixo da água. Muitas vezes tivemos que caminhar por horas costeando o rio até encontrar uma casa de seringueiros para pedir ajuda e retirar o barco preso em cima de um grosso  tronco.

O GRANDE MONSTRO NEGRO

Sempre no inverno [para nós o inverno não é o periodo  de Frio, mas sim o das águas grandes.] eu me reuno com alguns amigos, e vamos pescar, em Seringais que conhecemos bem abaixo  de nossa Cidade,  pela possibilidade de pescar nos imensos Igapós que o Rio forma, por conta de sua varzea muito larga.  É nesta ocasião que sobem as grandes piracemas de peixe,  entre eles as Matrinchãs, consideradas pelo nosso povo um  peixe nobre, pela excelencia de sua carne.  Elas sobem sempre procurando as  costas das terras firmes onde existe  mais fartura de caça para elas. Mas lá também, estão oos  grandes Jacarés Açu, os Negros que marcam territorio  de caça e procriação e que ficam semppre  perambulando na área. Quando sentem a presença de intrusos, eles emitem urros muito altos, como aviso de que alí é seu território. Neste dia estavamos pegando muito peixe, e nossas redes não tinham sido atacadas por nenhum deles, o  que é um tanto comum, e então ouvimos: o mais alto urro que ja ouvi em minha vida, paracia um touro enraivecido. Fiquei apreensivo, pois sei da capacida destruitiva que tem estte aanimal quando  ataca, e foi então que um  de meus amigos, estupidamente, para se exibir, imita de dentro de uma das nossas pequenas canoas, o som dos Jacarés, de imediato falei  com meu amigo  que isto  era perigoso, mas não adiantou e o moço repetiu o som, logo, da orla do mato oonde estavamos surgiu uma onda de água e ele apareceu:  era um imenso Jacaré  Açu, talvez com mais de cinco metros, pois só sua cabeça deveria ter  noventa centimetros.  Ele emergiu e ficou a uns cinco metros nos  fitando.  As  árvores nos igapós estão dentro da água e eu  mandei que bem  devagar colocassem as canoas perto delas e que subissemos rápido para  os galhos; isto foi  feito mais o irresponsável rapaz imitador, ao  sentir-se  seguro tornou a urrar, o monstro entendia como desafio, e ele que havia afundado, surgiu ao lado da canoa que estava encostada em uma árvore e desferiu uma possante rabada, que partiu parte da sua popa. Nestas alturas, o "corajoso" imitador estava pálido e no galho  mais alto. Por conta desta brincadeira, ficams mais de quatro  horas presos nos  galhos sem poder sair, e só o fizemos quando depois da dar muitoss tiros de  espingarda, fomos ouvidos por um morador da região que veio em uma canoa maior e nós pudemos recolher  as redes e ir embora.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

O Monstruoso Mapinguari

Quando cheguei para trabalhar em  seringais de meu  Pai, transcorria o ano de 1964. Sem nenhuma experiencia nesta atividade, eu jovem estudante de segundo grau,que era chamado Científico [nunca foi possivel concluir], militante da Esquerda, contrario as forças que se impunham, era acostumado a ler muito, de Jorge  Amado a Josue de Castro o Sociologo que escreveu Geologia da Fome.  Na vinda me foi impossivel trazer livros, principalmente os meus, pois seria preso se me pegassem com eles, agora proibidos pelos tiranos militares. Encontrei nos seringais uma cultura cheia de mitologia, onde personagens absurdos, como se fossem cópias de alguns personagens da Mitológia Grega, povoavam as mentes, e a crença deles. O principal mito se chama Mapinguari. Sua origem tem pelo menos dez versões, sendo que a mais ouvida é a de um menino muito ruim para seus pais, que com o passar do tempo foi sofrendo uma metamorfose física, e se tornou um monstro que devora as pessoas que encontra na selva.  Seu aspecto, é descrito de uma só maneira; é um ser muito grande de tres e meio metros, ou quatro, tem um  só olho bem no meio da testa[Cíclopes Gregos], na cabeça apenas este olho, e um arremedo de  nariz, ocupa espaço pois a sua enorme boca fica  localizada no centro de seu torax, é todo peludo e seus pés são  redondos como cascos de animal, e pelo seu peso, deixa marcas bem profundas mesma na terra seca.  Já foi visto várias vezes comendo partes humanas e tem um sentido de percepção como se fosse o Faro, mas não se sabe ao certo, assim fica difícil dizer o que o orienta tão bem, com o ambiente onde está. Nas noites de  lua cheia, no verão ouve-se seus urros que fazem tremer a terra e os animais desorientados fogem em todas as direções, e então algum que vá para perto dele será comido. Não  adiantava eu dizer que este ser era imaginario, ou falar dos antigos monstros Gregos, ninguém acreditava em mim.  Outros seres existem nesta trilha de lendas e oportunamente os retratarei, e contarei também suas historias.

A Campina

As Campinas são  grandes áreas formadas pela invasão dos rios que rompem determinados trechos, alagam e cria um processo de assoreamento, com bolsões de água em pequenas poças que se interligam por filetes de água, e geram viveiros de certas espécimes de  peixes, que se reproduzem e ficam aos milhares crescendo e esperando as cheias, quando então saem para povoar novas águas.  A necrose das árvores é um processo natural, haja vista que as árvores passam a residir permanentemente dentro d'agua, e esta situação atrai muitas aves que se alimentam de vermes e lagartas que se criam nos troncos apodrecidos. Papagaios, Araras, ficam aos bandos e tambem os Manguaris, Cararás e alguns tipos de socós e garças, que se alimentam de peixes.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Cutia, o terror dos cachorros.

Este animal, na família dos roedores da região, é o terceiro em tamanho sendo o maior a Capivara, depois a Paca, depois ela, e ainda tem um sub-espécime que chamamos Cutiara, que é uma cópia bem menor da Cutia. Nos seringais, nenhum dono  de cachorro, quer que seu animal as persiga, mesmo os cães que são treinados para caçar, são desestimulados desde cedo a perseguição pelo fato  dela quando está fugindo vai deixando urina nas folhas do mato ao redor, e esta urina  fica a altura dos olhos dos cachorros que, se deixarem cair nos olhos ficarão  cegos.  É um animal docil e com certa frequencia, se encontram sendo criadas nas casas. Como os seringueiros não usam móveis nem muitas coisas em casa, elas não prejudicam muito, mas em uma cas de cidade, ela roi tudo o que estiver ao alcance de seus possantes dentes, desde sapatos a fios de antenas etc. No eiru sua carne não é muito apreciada, mas existem lugares onde é muito consumida. tem porte médio, e sua cor é cinza escuro tendo as vezes uma coloração Marrom Claro, não sei se caracteristica da espécie, ou uma mutação face a um determinado ciclo como  o Cio por exemplo. Em seu habitat, costuma roer cocos, e também costuma atacar as plantações de mandioca, que são a base alimentar dos seringueiros. Pra não usarem os cães eles colocam armadilhas com espingardas velhas e as matam, sempre que fazem isto.

A casa de JOÃO CONRADO Eirunepé Am.

Eis aqui a casa onde vivi minha infancia, adolescencia e parte, inicial de minha fase  adulta.  Vou descrever, os pormenores que aparecem para que  o visitante possa entender: Frente a casa se vê crianças jogando bola, é que na época, as ruas não eram pavimentadas e apenas uma calçada de  1,80 mts, existia situada bem no meio  da Avenida, onde tambem estavam fincados os postes de iluminação pública. As casas então faziam trapiches de tábuas para liga-las a calçada central e no  caso de nossa casa, meu pai mandou construir em alvenaria. Nestes intervalos , os espaços se tornavam campinhos de  peladas, usados pelos meninos que moravam próximo, aqui vemos um jogo tambem disputado por um cachorro que nós tinhamos e que sempre estava correndo atrás da bola.   A casa, totalmente construida em madeira, tinha as paredes de Cedro Rosa, o assoalho  de Pau'darco, as vigas e esteios de Tarumam, as telhas oriundas de  Portugal ainda do  tempo da borracha, quando se importava tudo da europa, tinha uma parte, estas  laterais que as telhas tinham vindo de Marselha na França, e assim com esta mistura internacional, nossa casa, velha casa, era aconchegante e pelo menos para mim:LINDA!  Era ampla e isto lhe permitia ser sempre fresca, sem muito  calor.      Bem na frente meu pai construiu este apêndice que carinhosamente a família chamava:PUXADINHA, local preferido depois das cinco  quando a turma toda chegava do trabalho. Neste local tambem eu tocava violão para meu Pai, músicas de Nelson Gonsalves e de altemar dutra que el gostava além de boleros como: Besame Mucho a sua preferida. Tinham quatro  cadeiras de  balanço, construidas de vime, sempre tinha alguém que chegava para um dedo  de  prosa. Logo seguindo uma sala de visitas, uma sala de jantar e nesta, as portas para os dois quartos que estavam situados aos lados. O quarto da  direita, era o quarto do casal, o da esquerda era  usado por minhas irmãs, Eny e Arcy, na continuação da casa, para a direita estava instalado o banheiro , única parte de cimento, e do lado oposto um lugar para ter os filtros de água..Na sala  de jantar ficava uma geladeira movida a querosene, era uma luta constante para acertar a altura da chama que teria que ter o fogo azul para então pelo menos esfriar bem a água. Mamãe era uma exímia cozinheira e fazia Bolos como ninguem, em nossa sala  de jantar tambem tinha uma "Cristaleira " estilo barroco muito bonita com os vidros trabalhados, e dentro dela sempre  existiam bolos, doces e queijos que minha Mãe também fazia  em casa. Depois deste  pequeno corredor que servia de divisão entre o banheiro e os filtros de água,Aparecia a cozinha bem ampla e dispondo de dois fogões a lenha, um deles destes industriais Ingles , esmaltado e com reservatorio de água par ter água quente permanente, com controle no tamanho das bocas  pois tinha aros sobrepostos, que cresciam ou diminuiam a chama. Era um local onde sempre estavam algumas comadres de mamãe, que vinham dos seringais e logo pela manhã cedo chegavam com uma porção  de filhos e sentavam no chão e lá passavam o dia comendo e conversando. Geralmente  traziam presentes do seringal, tais como Galinhas Caipira, Mel de Abelha, folhas medicinais, cascas  de árvores tambem medicinais, pequenos animais como:  Macacos, Quatis, as vezes animais de grande  porte  mas ainda novos, eu lembro que ela ganhou duas Antas e tres Veados Capoeira, era uma festa nossa cozinha. Não lembro de ter um dia que não tivesse alguém de visita. Minha mãe tinha dezenas de afilhados. Reconhecia a todos, e memorizava de onde eram, eu me impressionava.  Foi ai que vivi  parte boa de minha vida quando eu realmente era feliz, e nem sabia.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               

domingo, 5 de agosto de 2012

Coelhos na amazonia

Quem diria....eu nunca ouvira falar deles até que ha pouco tempo atrás, soube de sua existencia por conta de um amigo meu que teve seu plantio de Cana de Açucar, prejudicado por eles cortarem os brotos de Cana nova, causando um grande preejuizo ao dono da plantação.  Devo confessar que nada sei de seus costumes,de seu modo de  vicer nesta floresta imensa, pois os que vivem na América estão sempre nas Pradarias, lugares de vegetação rasteira, com pedras e bem amplo. Mas o certo é que tem, e não sei se já estavam conhecidos pelos estudiosos já que nunca vi nenhuma referencia a eles.  Tem a perna posterior bem mais longa do que os que vemos sempre, talvez isto  seja uma caracteristica de alguma espécie, ou seja um tipo de Lebre.

O porco espinho "KUANDÚ"

Este nome estranho é usado para designar o nosso espécime de porco espinho.Na verdade não faço a menor idéia de onde  este nome surgiu.  Parente do Africano, ele tem as  mesmas dimensões,mas seus espinhos são menores e sua coloração é totalmente negra. Como todos os seus parentes, ele não faz muito  caso dos predadores que lhe rondam, pois tem em seus espinhos uma arma que usa muito bem e que fará o agressor se arrepender amargamente de ataca-lo quando estiver todo cheio de espinhos que ele lança,pelo corpo. Tem uma lenda  dos caboclos que diz que, se tentar extrair um destes espinhos, ele se aprofundará cada  vez mais, a única solução paraa retira-lo com facilidade, é cortar o espinho para que saia o ar que contém, então fica fácil puxa-lo, pois murcha . Tem muita agilidade em andar nas árvores, e já os vi chegando atraves das árvores a noite em um barreiro.Não vi muitos deles, mas os que encontrei eram valentes, não temiam apresença humana e até tentaram atacar. Despreendiam um fétido cheiro, muito ativo e desgradavel.

sábado, 4 de agosto de 2012

Pescando o almoço e o jantar

Esta é uma situação comum nos seringais, o homem chefe de casa vem para uma praia perto da casa e lá, com uma tarrafa, ele pega a alimentação do dia.  Geralmente eles pescam em lagos por serem mais piscosos, mas o rio tem seus cardumes que sobem, e o seringueiro sabe pelo tremular da água quando uma piracema está passando, então esta é a hora de aproveitar e conseguir uma refeição[ou várias] fácil. Enquanto ele pesca, seu filho junta o peixe que coloca em um Paneiro, tipo de cesto muito usado por eles para transportar coisas variadas, desde Mandioca quando estão arrancando para fazer farinha, mercadorias compradas, alguma caça que matou, enfim, é um objeto de apoio imprescendível.

Estranho Besouro

Em uma de minhas pescarias em um lago do rio Eiru, estava eu na beira de uma fogueira, quando algo caiu fazendo barulho, fui olhar e deparei-me com um grande besouro que media exatos dezoito centimetros de ponta a ponta. Era um besouro dsetes cascudos que tem por aqui, mas, na parte de baixo de seus chifres da cabeça, ele tinha dentes, e seu corpo era bem alongado diferente dos outros que tem esta formação de cabeça. Sem ser Biólogo, não tive o que fazer senão desenha-lo em um pedaço  de papel de embrulho, e depois passar para o Nankin.  Tinha uma força fora do  comum, amarramos nele uma lanterna ray-o-vac destas metálicas de tres pilhas e ele não conseguiu voar, mas a arrastou no mato por um bom trecho. Depois de desenha-lo, dei sua liberdade. Ha dias mostrando eestes desenhos para um amigo meu que reside em seringal, ele disse-me que já viu um igual no seringal Val-Paraiso, no rio Gregório, um grande afluente do rio Juruá que fica bem acima do Eiru, quando foi serrar uma madeira para um parente seu.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O rato Cancioneiro



 Este simpático rato, é considerado o seresteiro  dos roedores, pois quando da temporada de acasalamento, os machos disputam as fêmeas através de seu romantico canto. nesta conquista tambem pesa muito o ninho, sua organização e limpeza. Os caboclos os chamam  Rato Coró, e alguns até os comem. Seu namoro  na época de inverno, acontece nos igapós e sua atividade é constante em busca de conseguir o maior número de fêmeas possivel.  Tem muita agilidade em andar pelas árvores e já o vi atravessando trchos alagados com desenvoltura.


Novamente as Ciganas

Fui pescar  em um lago de um seringal longe de Eirunepé, e para minha surpresa lá estava um bando de Ciganas, grasnando e comendo pequenas frutas vermelhas, que não conheço. Estas,  não estavam tão arredias, e pude obeserva-las bem e matar a saudade, de quando era crianças que ia em alguma viagem com meu pai para o seringal e a toda hora as encontrava-mos aos bandos nas beiradas do Eiru.  Este que encontrei recente, não  era um bando grande como existiam antigamente, mas deviam ser uns quinze animais, como sempre barulhentos e pesadões. Voavam de galho em galho, e sempre pousavam em cima de  moitas fechadas, de onde com seus grasnidos chamavam as suas parceiras.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O isolamento do homem da Amazonia

Aqui, nesta paisagem em pespectiva, do trecho  do médio Rio Eiru, a exuberancia e altura da selva, deixa ver a disproporção com relação a uma moradia do caboclo. Entre as casas as vezes distam tres horas de canoa motorizada, esta distancia passa para seis ou mais horas quando você está em uma canoa, embora pequena, remando rio acima. A comunicação era muito pouca, hoje já amenizada com a criação de Comunidades que o governo  fez no local das sedes de  seringal, para criar núcleos de desenvolvimento  e facilitar a implantação de melhorias nos locais, pois trouxe para estas pequenas vilas pessoas que estavam dispersas pela imensidão da floresta. Criaram Escolas, colocaram antenas  Parabólicas, grupos geradores de energia elétrica, e incentivaram o cultivo  de roça comunitária, o que não foi muito  bem  sucedido, pois este senso de coletivismo   não é bem aceito por quem tradicionalmente  viveu isolado.

Barco regional

Estes barcos eram construidos aqui mesmo no interior. Usavam madeiras especiais que lhes dava uma durabilidade surpreendente , principalmente se suas tábuas fossem de Pau'darco, e suas cavernas de Intaúba. Agora, aqui na minha cidade já não se constroem barcos assim tão bem acabados com uma forma de barco bonito e um desenho dinâmico nautico de boa qualidade. Agora só se produzem canoas quadradas  e fáceis de fazer. O comercio ficou mais atuante, e a rapidez em fazer barcos é uma das exigencias dos comerciantes, que querem ganhar tempo e dinheiro com o baixo custo  da canoa. Neste tipo de barco aqui  retratado, o motor é colocado  dentro do casco, nas canoas de agora, se adptam rabetões em motores possantes estacionários, não tão eficientes porem berm mais práticos e baratos. São  colocados em cima da popa, sem muito aparato.

O "Pé" de APUÍ

 Entre suas raizes, vejo o barco passar veloz, e a paisagem ao fundo, torna mais estranha esta moldura.  O Apuí, nasce de uma sementinha que algum passarino ou outra ave deixa entre seus galhos na copa de algumas árvores. Embutidas dentro das fezes do Animal, ela fica em dormencia por um curto  período e então brota, começando a sua jornada rumo ao solo.  Vai abraçando  sua hospedeira com cipós bem fininhos que nunca você acreditaria que um dia absorveria totalmente a árvore frondosa.  Continua descendo e se fortificando, engrossando e cada vez mais sufocando sua vítima. Seus tentaculos começam a sugar a seiva que corre na pobre árvore que lhe sustenta, e em um ano você já não tem muito pra ver da árvore  inicial. Seus galhos então vão se estendendo e da cada um  saem  raizes que buscam o solo, se transformando nesta amaranhado de troncos suspensos, dando um  efeito fantasmagórico ao resultado final.

O carinho dos pais no Ninho

Estava acampado em uma excursão na floresta e  bem parto de mim, um Ninho, onde um casal de passarinhos se revezava para trazer comida, grilos e pequenos gafanhotos pqra um ccasal de ffilhotes que parecia nunca estar com a fome saciada. Enquanto um  deles fracionava e dava a refeição o outro se dispunha a sair e tambem trazer seu quinhão na batalha da sobrevivencia.  Me encantava o ze-lo que tinham em tentar conter meu avanço sempre que eu chegava mais perto. Aprendi os limites, respeitei-os, assim  pudemos enfim conviver como bons vizinhos, o que me proporcionava o direito de aprender com eles o respeito ao próximo, o amor a família, e o grande ensinamento  da  Natureza:  Ame e respeite  os que lhe amam tambem. Espero ter captado neste desenho a ternura, e o amor de meus pequenos amigos.

Louros ou PAPAGAIOS

Conhecidos como animais inteligentes desde os filmes de famosos piratas, os Papagaios tem uma  diversificada família, que envolve as Cacatuas, Araras, Periquitos e outros. São animais ideal para servirem como mascote ou, bichinho de estimação. Aprendem a imitar a fala humana e decoram textos ou melodias, que cantam a seu modo, e nem sempre muito compreensivas. Os Papagaios propriamente ditos, são de coloraçção verde, e seus primos e parentes na maioria são bem coloridos. Na época das cheias, éles procriam e usam como ninhos buracos feitos por pica-paus ou outros animais, que ficam abandonados. Comem uma variedade de frutos e seus bicos fortes, lhes permitem quebrar côcos e descascar certas frutas que outros pássaros não podem.  No cativeiro, podem se afeiçoar ao dono e até morrer de tristeza em caso de abandono ou afastamento do convívio.  Quase que unanimimente são chamados de LOURO, e quando os ribeirinhos os tiram ainda pelados de seus ninhos, são alimentados com um Pirão mole de farinha de mandioca. Algumas pessoas acrescentam um pouco de leite  em pó. Como os seres humanos,existem indivíduos que tem mais facilidade em aprender o que lhes ensinam.  Habitam as florestas e gostam muito de Campinas onde a necrose das árvores as torna apodrecidas e fáceis de roer. Os caboclos gostam muito da carne de todos os Papagaios. Nas Campinas é frequente vê-los em bandos em um só tronco velho, e frequentam tambem os barreiros, onde comem terra com nutrientes.

Galinha dágua, urbana.

Nós a chamamos galinha dágua,mas como ocorre em boa parte do pais tem diversois nomes que rotulam esta ave, dependendo da região. De porte mediana para pequena, ela é comum até na periferia das cidades, do interior do Amazonas e sobrevive, apesar da quantia de pessoas que circulam todos os dias em seu habitat. Junto as Jaçanãs, as de  pés exageradamente longos, elas passam os dias se alimentando de vermes e insetos nas touçeiras que flutuam ao sabor das  águasou sobre as folhas de Vitória Régia, ou similares.  Aqui existem umas quatro espécies sendo esta,  a desenhada aqui a mais comum. Para começar um curto e desajeitado vôo, por causa do tamanho reduzido de suas asas, ela tem de literalmente de correr sobre a superfície para atingir uma velocidade de decolagem. Foi assim que minha memória a "fotografou". Poucas vezes as vi atravessarem os rios largos, mais o fazem com valentia se a ocasião se fizer necessária.

Corocões, os anunciantes do novo dia

Corocão, é assim que chamamos este animal, uma espécie de Ibis da Europa e Asia, devem ser parentes separados por algum fenomenos da geografia. Aqui eles tem o costume de bem cedo da manhã, subirem e descerem os rios ou igapós, cantando um canto que é repetido muitas vezes e soa como: Coró, Coró, Coró..... Daí este nome. É um animal pesadão, voa lento e em curtas distancias, e sempre tem suas pernas penduradas. Passaos dias dentro da floresta pescando, e é dificil de ser  visto durante o dia pois é arredio e foge da presença humana.  Tem um primo maior que ele, muito parecido na sua aparencia, mas bem maior que ele.  São pretos, e difíceis de serem vistos pois ficam sempre dentro de folhagem fechada onde é escuro.  os ribeirinhos acreditam que eles anunciam as enchentes sempre que voam no sentido de subir o rio , e a vazante caso voem no sentido contrario.  Aqui na Amazonia os caboclos comem tudo que matam, e dizem ser boa sua carne, mas tem uns ossos finhinhos que lembram as espinhas de peixe, coisa comumem animais pernalta que se alimentam pescando.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A Anta Rosilha, a maior das espécies

Este é maior mamífero das Américas. Inside na America do Sul em quase sua totalidade, e se destacando em densidade de indivíduos na Amazônia.  Temos duas especies bem distintas e uma sub espécie das menores. Esta do desenho é bem grande e como todos os de sua raça, não se afasta muito de  lugares com água: rios,lagos, igarapés. Nada muito bem e pode ficar por dez minutos submersa. Muito perseguida pela sua carne que é muito  apreciada na região, a Anta se refugia cada vez mais bem distante dos centros de habitação humanas, Isto porém não empata que caçadores as abatam, pois elas como a maioria dos animais selvagem frequentam certos locais onde deve haver muitos minerais e sal, posto que quase todos vem para comer o barro e beber a água lamacenta  que se cria. São chamados por nós de : Barreiros!   Porcos , Veados [os mais cautelosos ao se aproximar] Pacas, Quandus e outros incluindo até aves como papagaios, Araras, Pombos selvagem [Galegas], Jacus, Mutuns e muitos macacos, com o disparada preferencia dos Bugios, sempre estão nestes locais. A Onça tambem está sempre por perto caçando, aproveitando a visita de suas vítimas.  Pois bem,os caçadores descobrem estes comedouros e durante o dia vão se acomodar em trapiches que fazem no alto das árvores ao  redor do grande buraco e lá espreitam, tocaiam as Antas e outros animais.  Quando perseguida pela Onça Pintada, e se esta vem grudada em sua costa lhe mordendo, ela procura uma palmeira de Paxiubinha que tem raizes de até um metro de altura expostas e cheias de espinhos e se joga dentro, geralmente ela sai toda ferida mas a onça passará um bom tempo sem querer olhar para uma Anta.  Seu  pelo é cinza escuro e seu couro é muito grosso. Os indíos antigamente, quando ainda cultuavam seus rituais [Antes da chegada das Ongs "protetoras"de Indio e da FUNAI] eles usavam tiras  do seu couro seco e torcido, no qual inseriam um afiado esporão de Araia, para dançarem o Peixe-Boi.  Era uma forma cruel, mas eficiente de evitar desavenças sociais na tribo.
Aqui está o Rei dos céus  da Amazônia; sua magestade o Grande Gavião Real.  Quando adulto, entre as pontas de suas asas, existem dois metros e vinte centimetros de distancia. Suas pernas são de grossura de uma l pilha grande destas comuns [é a referencia de comparação que me ocorre. Desculpem.] Na cabeça tem um grande penacho que se abre sempre que o animal está irritado, em ação de ataque, ou visualizando algum perigo. Este aqui, está transportando um enorme Guariba [Bugio]. Se olharem direito verão, o osso da perna do macaco quebrado e exposto, este fato faz parte do ataque deste  predador que quando investe sobre os animais bate com sua garra em suas pernas ou tronco sempre causando, um grave ferimento que o impossibilitará de fugir. Ja presenciei uns quatro ataques e em todos o ví investir sobre mais de um animal.  Apesar  de seu tamanho  tem o vôo silencioso, pois suas asas são revestidas  por pequenas plumas, que abafam o ruido. Com todo este tamanho se desloca bem dentro  da floresta, naturalmente que procurando sempre locais não  tão fechados.É dono de  uma força descomunal, e arranca facilmente uma grande Preguiça de um galho.  Os antigos acreditavam que ele matava e levava crianças para seu ninho, o que não é verdade, nunca foi comprovado este boato.  Nas cores preto e  branco, é um animal imponente e raro.

O Gavião noturno

Este aqui, é um tipo especial: nunca vi fotos desenhos ou qualquer referencia sobre sua existencia.   É natural do rio Eiru, e caça Morcegos ao anoitecer. Desenhei esta linda lua de verão, para mostra-lo cedo da noite ainda em atividade. Náo fica muito tempo na noite, mas este fato de caçar Morcegos a esta hora, eu nunca tinha visto. Passei trinta anos  de minha vida trabalhando nos seringais do Rio Eiru, duas únicas vezes tive a oportunidade de vê-lo, até acreditei que era um tipo de coruja, mas um serigueiro que estava comigo  disse : este é o Pega Morcego.   É dificil de ver, e de dia acho que passa escondido, concluiu o caboclo.  Quis saber  mais sobre o espécime, porém nem todos o conheciam, e o que sabiam dele é que era caçador de Morcegos.  É muito rápido e o ví atacando os Morcegos  por baixo.  Tem um floco de  penas sob cada asa, e na verdade não sei o que representa, seria uma versão  de Anti-radar? já que os Morcegos usam este metodo de orientação. Caça tambem mariposas, sempre que se forma um tempo anunciando chuva me disseram.

O terror dos terreiros com galinha

Ainda com Gaviões no Blog, vou falar sobre um dos menores da família, mas que não perde em agressividade para seus primos maiores. Com a roupagem de penas cinza claro e escuro e pequenos pontos negros, tendo a parte de baixo das asas e do corpo branco, este gaviãozinho é profissional em atacar, e quase sempre levar; pintos, frangos,e até galinha como aqui na gravura.  Esta cena eu vi [uma similar, pois animais são muito fiéis aos seus modos de ataque.] na casa de um seringueiro amigo meu. Estavamos, na beira do rio e ao ouvir os gritos de terror de uma galinha corremos para lá e,  se pensávamos que era uma Irara ou outro  mamífero,nos enganamos, quem estava atacando era este pequeno gavião.  Tempos depois vi uma gravura assim e lembrei do fato e tomando como referencia a figura que via e as lembranças do local e da espécie de Gavião que vi, aqui está o nosso Gavião Rapina, pois assim é que o chamam por aqui.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Ataque a um bando de macacos Barrigudos

Este é o Gavião preto do alto Eiru, perde em tamanho apenas para a Harpia o nosso Gavião Real, mas tem uma tecnica bem diferente de ataque para capturar presas.   Enquanto o grande Real , apesar de seu tamanho voa silenciosamente, o Preto, faz questão de ser ouvido pelos macacos, pois é exatamente neste anuncio de ataque que reside sua arma maior: os símios desorientados, apavorados com o eminente ataque, começam a pular em todas as direções sem cordenação no bando e então, é nesta hora que ele investe sobre um que esteja mais vulneravel. Dono de uma força invejavel, pega sua vítima geralmente pelas costas e o arrasta  em vôo, para cima até uma altura que  possa quebra-lo quando o soltar.  Na queda. o pobre  macaco, muitas  vezes ainda vivo vem se  batendo todo nos galhos e  mesmo a folhagem não é o suficiente para amortizar  o choque, e ele morre ou fica tão  ferido que não  esboça mais nenhuma reação. Apesar  de  trágico, um destes ataques que presenciei me fascinou, quer pela dinâmica da ação ou  pela maneira inteligente de  dispersar o bando  de  macacos. Na natureza todos tem uma função programada e se cconhecer um pouco  a região onde vive, por certo terá oportunidades de  presenciar espetáculos como o que narrei agora.

As Ciganas

Não me perguntem a origem exata deste nome dado a estas vistosas aves. Talvez estes detalhes brancos em sua roupagem de anuances da cor marrom, lembrem as saias rodadas das moças do povo europeu chamados  Ciganos. Eles são nômades e isto talvez tenha trazido alguns deles até estas bandas ha muitos tempos atrás. São aventureiros e poderiam estar aqui no  tempo aureo da borracha. Esta é uma ave diferenciada, quando nova, ainda sem penas, muitas vezes se encontram andando nos igapós muitas delas em galhos baixos, e as pessoas costumam capturar animais novos para criar em casa, ledo engano de quem pensa em pega-las, pois mergulham muito bem e são exímias nadadoras, o que surpreende os caboclos.  Quando adultos, andam em bandos grandes e costumam habitar as margens de lagos. Agora elas tambem tem, que se refugiar bem no centro das florestas pois são mortas  para serem comidas. Antigamente encontravam-se com facilidade mesmo perto  das cidades enormes bandos de até sescenta animais, hoje os bandos além de raros nunca ultrapassam os dez. De suas penas se despreende  um fétido cheiro, que não é suficiente para inibir a ação predatória dos habitantes dos seringais. Dizem que após limpar o animal inclusive retirando sua pele, ela se torna uma iguaria. Cientistas da Biologia estão agora  associando-as, aos Dinossauros e se fundamentam em uma garra que ela possui bem na dobra das asas.Seu canto é mais um grasnar que outra coisa qualquer. São pesadonas e seu vôo é curto, tendo que procurar lugares fechados nas copas das árvores para  escaparem dos caçadores.

A nobreza da FERA

AQUELE OLHAR...

A Onça Prenhe

A história desta Onça eu já contei no Blog anterior, como estou repaginando todos os desenhos, tornarei a contar esta aventura, que se tornou misteriosa, pelo inusitado da situação vivida, e pelo reconhecimento de uma fera a um ser que não queria seu mal.    Transcorria o ano de 1973, e um seringueiro nosso que habitava no alto Eiru, pediu nossa ajuda para desfazer um grande roçado que ele tinha de  mandioca, e que estava passando da  época de transformar em farinha.  A farinha de mandioca é o básico de alimentação das pessoas de nossa região . Nos nossos   seringais sempre tinhamos um grande roçado  por prevenção pois sempre estavam chegando novos fregueses e estes, não traziam farinha  para comer enquanto se instalavam, e nós é que fornecíamos. Este seringueiro era muito trabalhador e tinha sobra de produção sempre. desta vez era tanta, que ele apelou para a nossa amizade e assim é que meu irmão Edy e eu, fomos para o alto Eiru onde ele morava, levando conosco tres  barcos e uma equipe de dez homenss trabalhadores. O alto Eiru, era uma espécie de paraiso  perdido: animais de todas as espécies estavam ali nas margens, esperando serem caçados, muitos peixes, tudo muito farto. Eu nesta época ainda um jovem de vinte e sete anos, bom atirador, e sem muitas oportunidades de estar tão cercado de tantas caças, logo no dia seguinte de minha chegada, convidei o dono  da  casa para darmos uma volta de canoa pelo rio, e em companhia de  um filho seu [para ajudar a remar] fomos subindo o rio  ao amanhecer. Depois de uma hora de exaustivas remadas, depois de termos visto uma infinidade de macacos, aves e até um bando  de porcos Caitetus, em uma curva do rio, sem que pudessemos ver ao longe, nos deparamos a tres metros de  uma enorme Onça Pintada.A nossa reação foi imediata: todos pegamos as  armas, afinal  estavamos quase ao lado do maior predador das Américas, mas meu impulso de atirar não obedeceu a minha reação inicial e então ví que ela estava estática; nem nos olhou. Só fitava o rio, e mudava a cada dez minutos aproximadamente, a posiçao de suas patas , mas o rosto estava imutável. meu seringueiro ia atirar e eu energicamente mandei-o parar. Notei sua decepção e sobretudo surpresa, afinal, tratava-se de uma Onça Pintada, mas me atendeu e ficamos parados por mais uns trinta minutos olhando o belo animal. Então, ela sem nos olhar, virou-se e entrou em um grande tronco ôco de Cumarú que estava bem atrás dela e, em mais uns quinze minutos ouvimos o MIAR de gatinhos; Ela acabara de ganhar filhotes.  Confesso que quase bati palmas, e meus companheiros pareciam tambem agora contagiados pelo acontecimento. Um pouco mais e ela saiu do ôco trazendo um filhote ainda meladinho preso pela cabeça dentro de sua boca e o colocou por trás do tronco onde havia sol. Retornou ao buraco e trouxe o segundo gatinho e tambem o colocou la e deitou com eles começando a lamber.  Disse eu ao meu  parceiro que iria olhar o trio, ele quase ficou louco dizendo que era a morte certa pois uma Onça de filhotes era pior que o Satanás disse ele, mas não sei explicar  porque, senti que ela não me faria  mal, e bem lentamente [mesmo com um pouco de medo] avancei até o tronco, olhei por cima e os ví: estavam mamando e ela então me deu de presente, este olhar cumplice que postarei acima. Logo rosnou e eu entendi que meu momento glorioso havía esgotado o tempo.                      

Pontos a Ponderar

Cada dia que passa, mais me convenço que as feras da Natureza, na realidade são os seres humanos, que armam dramas teatrais, que usam sua capacidade de criar voltadas para o mal e forjam situações nunca acontecidas  para prejudicar os que acreditam em si, e sem nenhum escrúpulo logo demonstram com atitudes alheias até então ao seu modo  de vida, o que na realidade são. Os animais atacam para se defender, ou, quando por uma imposição de sua espécie biológica matam para comer, os humanos, criam engodos contra os que lhes amam, na tentativa de lhe tomarem bens, sem levar em conta seus sentimentos, o sofrimento que causarão sobretudo por terem enfim descoberto quem na verdade é o ser amado. A traição fere e destroi o mais nobre dos sentimentos.

Mucura da Água

Eis  aqui um infortunado animal que quase chegou a extição por ser belo.  Isto mesmo!  Na época do desbravamento, dos seringais, sua pele era exportada para a Europa e Estados Unidos da  América, onde tinha imenso valor, para se transformar em casacos de luxo ou estolas da granfinagem da  época. Estas manchas que no desenho aparecem mais escuras, ao natural são marrom bem escuro, estas mais claras marrom claro e logo depois um amarelo ouro em anuance chegando ao claro e branco na barriga. É um Marsupial. Não é australiano mas tem sua bolsa [que fecha energicamente quando na água.] Ocorre agora nos altos igarapés, onde os predadores naturais são em baixo número e os humanos, difícil de  aparecer.  Tive a oportunidade de  observar um deles no alto igarapé do Paxiuba afluente  médio do rio  Eiru, era anoitecer, e eu dispunha de  uma boa lanterna a  pilhas, e assim pude ver  o espetáculo dele caçando. Geralmente as noites, as  margens de  cursos da água, são locais de refúgios de  peixes e crustáceos que buscam na água  rasa,  a proteção contra seus predadores, ai é que entra em ação este maravilhoso animal que mesmo sem enxergar tão bem no  escuro, entra na água, e sai em velocidade tateando com suas mãos espalmadas, e capturando peixes vermes ou caranguejos que  encontre. Nada bem e  fica nesta atividade até perto do amanhecer, quando se recolhe a sua toca pela última vez até o próximo anoitecer.

Jacaré Açu, o Rei dos rios

Na ultima postagem, ao falar sobre  os Socós, mencionei os temiveis Jacarés da Amazónia. Este aqui é um belo exemplar de Jacaré Açu, o maior de  nossos rios, chegando alguns indivíduos a medirem seis  metros. O  Jacaré Açu é agressivo, e deve ser respeitado pela tremenda força que tem em sua mordida, considerada uma das  mais fortes do reino animal.  É  animal territorialista, e defende seu espaço com a própria vida. Bom de viver pois se alimenta de tudo que se move em sua volta, e os machos não excluem nem seus filhotes recém nascidos.  Esta cena, é feita de  lembrança, em homenagem aos muitos que eu via quando passava pela foz do rio Eiru a cada quinze dias quando ia ou voltava de meu trabalho, até as décadas de setente e oitenta.  Perto da foz do Rio Eiru, existe um trecho do rio quase reto, que chamamos de "Estirão", neste, ficavam dezenas de enormes Jacarés que se exibiam tomando sol, pois são  animais do sangue frio e precisam deste recurso para ficarem ativos o dia todo.  Não se importavam muito conosco. Alguns caiam na água,  mas a maioria nos olhava com digna  indiferença, e nesta época se vendia a sua pele, para o sul onde confeccionavam artefatos de uso humano: bolsas,sapatos,  cintos etc.  Hoje, a caça é considerada ilegal,no entanto perto das cidades eles são raros, pois a sua carne que antes não era consumida, agora se transformou em iguaria para muitos, e eles os matam sem piedade.. Ah, só comem a parte do rabo.  Não  me perguntem quem é o mais selvagem  se o Jacaré ou...

SOCOZAL



 Este é um local de nidificação das aves pernaltas do Rio Eiru. Este título de Socozal é oriundo do fato de quase todas as aves serem conhecidas como Socó.  Temos uma diversificação razoavel mas, não individualizamos todas as espécies, assim, excluimos apenas as Garças, os Manguaris, em outros paises é conhecido como Garça Real ou Garça Cinzenta, temos o Tamatião pequena Garça que tem a penugem da cabeça amarelada, com detalhes em azul claro e umas penas fininhas que descem sobre o alto de sua cabeça, o resto é Socó. Socó Azul, Socó Boi, Socó Cinza, Soco Tripa e Socó Pinto.  As aves maiores, tais como os Manguaris e as grandes Garças Real, ainda o Socó Boi e o Azul, fazem seus ninhos juntos em árvores altas. Os demais usam uma vegetação mais densa e mais baixa. Sempre estes  locais são de difícil acesso aos homens, que mesmo assim com ajuda de instrumentos de corte [terçados, facões] chegam até eles, e os matam com facilidade e retiram centenas de ovos.  Este fenomeno ocorre na época das cheias,e com a mata  alagada, inúmeros Jacarés, fixam residencia embaixo, para devorarem os filhotes que ainda sem muita destreza para andar nos galhos, caem como frutos maduros.   O que denuncia o local da postura é o barulho que fazem, ao brigarem por espaço, e o contínuo vôo, ao chegar e sair de seus ninhos em busca de comida.  Não conheço nenhuma medida de proteção séria e eficiente e os ninhais, estão diminuindo, ou, no melhor das  hipóteses ficando cada vez mais distantes da "civilizada" ocupação humana.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

A Eclética Amazonia

Recebi um IMAIL, de um cidadão da Ucrania, que visitava um outro Blog que eu tinha, e que, por ter perdido completamenta a senha, tive que refazer, criando este similar, no qual estou mudando textos, embora continuem pertinentes, e naturalmente deverei postar novos desenhos inéditos, tão logo compre uma câmera Fotografica pois a minha SUMIU.  Em sua correspondencia, traduzida pelo Not-book ele me pedia que criasse um quadro que desse a ideia da diversificção de minha região na Amazonia, e de preferencia que fizesse em um estilo despojado, tendente ao moderno e, em cores. Devo confessar que fiquei em primeiro lugar  lisonjeado pelo carinho do frequentador de  meu humilde Blog, e em seguida  me perguntei se meus desenhos criados em estilo Bico-de-pena não são bons?????????  Depois de  ter recebido o  reconhecimento até de artistas famosos como Anísio Melo, optei por achar que o Ucraniano queria testar minha capacidade de inovar, e aceitando o desafio  até por estar,  agradecido de sua visita, criei este desenho, que trás: uma paisagem ribeirinha, em seguida uma arara, nosso animal de referencia mundial, logo abaixo  coloquei  flores, e uma orquidea se destacando, para mostrar a suavidade da floresta, bem em baixo a mata com macacos aranha e ao lado no mesmo plano, um índio [Antigo pagé Curina]´logo acima repteis, peixes, insetos e besouros e estrelas, as noites de  verão na Amazonia são exuberandes de  beleza celeste, finalizando um pedacinho  homenageando as palmeiras. Diversas, produtivas, frutiferas ou prontas para se desfazerem em residencias: paredes, coberturas etc Não sei  se ganhei a aprovação do meu ilustre e desconhecido  desafiador. Espero que tenha gostado e, se não consegui personificar seu pensamento, continui com a  correspondencia ela me encheu  de orgulho e agradecimento.  Gostaria de receber de todos os paises que visitam o Blog, comentários, críticas,  sugestões que por certo me enriquecerão como artista e ser humano.Assina um ex-seringalista, desenhista completamente Auto-Didata, hoje um apaixonado pela preservação de seu Habitat. Dias depois, um professor de um aluno filho de um amigo meu, ptecisou de um trabalho assim e, criando coragem deixei que levasse este; SERVIU.

Sede de um Seringal situado em um Igarapé

Outra cena típica da minha querida Amazonia.  Nesta eu destaco as escadas que dão acesso ao porto, onde sempre existe uma larga tábua de sacopemba de alguma árvore, para servir de local para lavar roupas, louças e tomar banho. As escadas são providenciadas a medida que o rio vai secando, quando o morador corta pedaços de toras de madeira roliça, e na terra  mole, os pressiona para servirem de degraus. Se prestar atenção verá aqui no canto esquerdo bem embaixo um boi, que desce sempre o barranco para comer a vegetação que se torna ,mais tenra e mole. Sempre que existe um pequeno campo criado pelas constantes limpeza da área, nasce uma espécie de grama, e geralmente o dono do seringal apreoveite para criar alguns animais. Nunca são em números grandes, e são criados da maneira mais primitiva imaginda, a maioria nem sequer consome sal doméstico,para apoio de sua alimentação. Tambem coloquei por trás das casas, um roçado que se destina ao plantio de mandioca, vejam que existe terras altas, que depois de queimadas, guardaram os troncos grossos que não se desfizeram no fogo. O pequeno barco, [cópia de um que andei tantos anos no alto rio Eiru.  Tinha capacidade de transportar apenas 1700 Kls, era direcionado a andar em águas rasas e rios cheios de  obstáculos de árvores caídas.]  Sempre as casas que servem para  loja, armazém ou mesmo moradia dos patrões, são feitas de madeira serrada, e cobertas com telhas de alumínio.  a cobertura de palha, é muito mais confortável,pois retém o calor, sempre muito forte durante os dias de verão. O alumínio, ao invés disso, propaga, amplia e a casa fica sempre quente mesmo sendo de madeira. No entanto, esta cobertura dá ao seringalista status.. Hoje em dia esta é uma prática comum nas Comunidades, antigas sedes de Seringais.

sábado, 28 de julho de 2012

SAUDADES DA AMAZONIA

Sempre que me vejo com uma canetinha de Nankin nas mãos e um papel limpo na minha frente, fecho os olhos e me deixo levar pelas recordações do tempo que administrei os seringais de minha família. Não preciso  de fotos ou outras referencias que não sejam as lembranças, e minha imaginação então CRIA, paisagens como esta que aqui está, que bem pode ter uma similar em qualquer curva de um dos nossos rios, ou, apenas  atiçar sua memória ao querer descobrir aonde viu este lugar, sem saber que ele faz parte de um todo que se chama SAUDADES DA AMAZONIA. Na beira do rio o casal  de Araras  namora indiferente aos olhares que possam os mirar. O tronco caído que se projeta para o rio, com certeza abriga em seu ôco uma infinidade de espécimes que surgem e vivem em qualquer lugar deste rico Eco-Sistema. Ao fundo um barquinho  de Regatão o comercio itinerante da região e ao largo uma canoa com pessoas que vem para fazer suas compras. a sinuosidade do rio tambem se vê, e o barranco quebrado é uma prova que nossos rios [a maioria] ainda  não definiu o caminho que se perpetuará no solo.  Essa é a  Amazonia o mundo misterioso, que mesmo no século 21, deafia os estudiososa lhe conhecerem enquanto convida a ama-la...a preservar

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Queixada o Javali da Amazônia

Porco de médio porte o Queixada anda sempre [Até hoje em dia] em enormes varas com trinta ou mais indivíduos. É  um animal valente e mesmo a terrivel Onça Pintada, o maior predador das Américas não o enfrenta de peito aberto.  Geralmente quando sente o bando, trepa em alguma árvore que esteja em seu caminho e, espera passar o bando até que o último animal fique ao alcance de seu pulo, um ataque mortal. Geralmnte são os mais velhos ou doentes que se atrasam nas longas caminhadas.  Se  algum caçador incauto atirara em um animal que venha na frente ou  perto do líder, o bando todo o enfrentará e com certeza não terá chance de sair com vida da aventura.  Sua carne é muito  apreciada, e se  estiver gorda, tem um gosto delicioso. Os Queixadas tem no final de seu dorso, uma glandula que desprende um cheiro fétido e nauseabundo se  o  animal estiver irritado ou sendo perseguido. Os índios e seringueiros caçadores experientes os perseguem sempre atalhando as voltas que  o mesmo faz ao fugir, pois sempre foge assim descrevendo círculos que de cada vez se alongam mais. Se alguém tentar perseguir o bando  correndo  sempre  atrás deles, não suportará o mal cheiro e terminará  vomitando.  Nos  machos este fedor é bem mais acentuado. Apesar da imensa perseguição por sua carne, aqui nesta parte do Juruá ainda existem muitos bandos grandes, que estão resistindo ao extermínio.

Centros produtivos de borracha até 1990

Aqui está uma cena típica da Amazônia no Vale do Rio Jurua, onde ocorre o seu afluente Eiru, altamente produtivo em borracha quando da época do  extrativismo. A casinha que se vê, é construida de Paxiuba, um tipo de palmeira que os seringueiros abatiam e, davam muitos golpes com machados em seu tronco no sentido de seu comprimento. Feito estes cortes, então o tronco é aberto e se extrai seu interior deixando apenas a casca que é de 2 cmm de espessura, mas de uma resistencia impressionante. Depois de aberta ela fica com a largura de uma tábua de 40 cmm, as vezes menos, as vezes até mais, e com estas  peças, são construidas as casas, piso e paredes. O telhado  é feito de um tipo de  palha chamada Caranaí, é uma pequenina palmeira, da qual se extrai as folhas que então são trançadas, em uma ripa de Paxiuba, geralmente com tres metros de comprimento e amarradas sobre paus roliços que dão formato ao telhado.  Os obstáculos que se vê no meio do Igarapé, são comuns, pois são árvores caídas que  na época da seca, entulham o leito do  riacho não permitindo o transito nem de pequenas canoas.  Estas casas eram construidas as vezes bem distantes da  margem do rio maior, e seus donos tinham que percorrer seis horas ou mais a pé, para ir fazer compras no barco  do seringalista que passava a cada quinze dias. Assim era conveniente abastecer a casa de mercadorias não perecíveis na temporada das águas, para evitar transtornos e sofrimentos.  A  borracha que se produzia nestes Centros era retirada no fim do ano, e o seringalista costumava mandar empregados irem  até lá para verificarem a situação de produção de seus mora